CDB? LC? Debênture? LCI? LCA? CRI? CRA? Tesouro Direto? CDI? Selic? Socorro!

Quando começamos a investir, em especial quando entramos no mundo de Renda Fixa, a primeira dificuldade é entender esse monte de sigla: CDB? LC? Debênture? LCI? LCA? CRI? CRA? Tesouro Direto? CDI? Selic? Socorro!

Mas calma! Porque vou abordar aqui, resumidamente, o que significa cada uma destas siglas, e assim esclarecer de uma vez por todas e mostrar que é muito mais simples do que você imagina.

O que há em comum?

Em linhas gerais, estas siglas, se referem aos títulos de Renda Fixa, e quando falamos em Renda Fixa, de maneira bastante objetiva, entenda que você está emprestando dinheiro para alguém, neste caso para alguma instituição.

Imagine assim, nós mesmos, em algum momento já precisamos captar recursos, seja por um empréstimo ou financiamento, para troca de um carro, para aquisição de um imóvel, para pagamento de uma dívida e assim por diante. Da mesma forma, bancos, financeiras, empresas privadas e de capital aberto e até mesmo o governo, todas estas instituições necessitam captar recursos para financiar projetos e continuar em atividade.

Então, quando estamos investindo em Renda Fixa, na verdade nós estamos emprestando dinheiro para estas instituições e em troca recebemos juros.

CDB 100% CDI?

No final você verá que é tudo muito simples, vamos pegar o exemplo de um CDB 100% CDI.

Primeiro, o que é um CDB? CDB ou Certificado de Depósito Bancário, é um título de dívida no qual você empresta dinheiro ao banco, simples assim. Ao invés de você emprestar dinheiro do banco, você emprestará dinheiro ao banco.

Mas se CDB é um título de dívida, um instrumento que você empresta dinheiro ao banco, o que então é o CDI? CDI ou Certificado de Depósito Interbancário, para nós investidores é uma taxa de juros.

Suponha o seguinte, hoje, 04/08/2020 o CDI está em 2,15%. Quando você está investindo em um CDB 100% CDI, você está emprestando dinheiro a um banco, onde este título irá rentabilizar 100% do CDI ao ano, ou seja, como temos o CDI atualmente em 2,15%, seu título, hoje, estaria rentabilizando 100% de 2,15% ao ano, exemplos:

Se o CDI = 2,15%, então:

  • CDB 100% CDI = 100% x 2,15% = 2,15% ao ano
  • CDB 120% CDI = 120% x 2,15% = 2,58% ao ano

Complementando, estes títulos de renda fixa vão seguir um padrão:

  • Tipo do Título;
  • Rentabilização percentual (%);
  • Referência.

Em nosso exemplo seria:

  • Tipo do Título = CDB
  • Rentabilização percentual (%) = 100%
  • Referência = CDI

Importante ressaltar que neste cenário, você não consegue prever quanto receberá de juros em um determinado prazo, já que, se a taxa do CDI cair, digamos que de 2,15% para 1,90%, consequetemente seu título que paga 100% do CDI também irá rentabilizar menos, antes 2,15% ao ano e agora 1,95% ao ano. O contrário também é verdade, se neste caso o CDI subir, seu título também passa a rentabilizar mais.

Abrindo um parêntese, pegando como exemplo o próprio CDB, existem títulos que ao invés de rentabilizar um percentual sobre o CDI, irá rentabilizar de forma prefixada, exemplo:

  • Tipo do Título = CDB
  • Rentabilização percentual (%) = 10% a.a.
  • Referência = Prefixado

Isso quer dizer que neste caso, este título estará te garantindo 10% de rentabilização anual independentemente do CDI, já que a taxa já foi prefixada, simples assim.

CDI e Taxa Selic?

Vamos separar aqui em dois grandes grupos, o que são tipos de títulos do que são as taxas de juros ou taxas de rentabilização, da maneira como você melhor entender.

E, agora que você já sabe o que o CDI, que nada mais é que uma taxa de juros de referência para remunerar certos títulos de renda fixa, da mesma forma nós temos a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros brasileira, a taxa “mãe”, e geralmente é levemente acima do CDI.

Como referência, hoje, no dia do artigo temos a Taxa Selic (Meta) em 2,25% e o CDI em 2,15%. Se Taxa Selic sobe, CDI sobe também e vice versa.

Portanto, já desmistificamos duas siglas, CDI e Selic, que nada mais são que taxas de juros, taxas pelas quais você será remunerado sobre seus títulos de dívida de renda fixa.

Mas e as demais siglas?

Eu desenvolvi uma tabela, que não tive a criatividade em nomeá-la, onde eu agrupo estas siglas em determinados grupos, e não tenha dúvidas, se você conseguir compreendê-la, tenha certeza que você saberá muito sobre Renda Fixa.

Elipse: 3

Vamos desvendas esta tabela

Número 1 – Na primeira linha podemos ver que a tabela foi dividida em 3 “atores”, Instituições Financeiras, Empresas e Governo, ou seja, quando você está investindo em títulos de renda fixa, você estará emprestando dinheiro para uma destas instituições. Simples assim.

Número 2 – Na linha identificado pelo número 2, trata-se do FGC. Abrindo um parêntese, FGC é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, mantida pelos bancos e que tem como objetivo assegurar os investidores, em caso da quebra do banco, um montante de até R$ 250k por CPF vs Conglomerado Financeiro.

Suponha que você tenha investido em um CDB do Banco X, e que este banco X venha a quebrar. Neste caso, o FGC te garantirá até R$ 250k.

Portanto, na linha identificada pelo número 2, você já pode se atentar a quem tem FGC e quem não tem, em resumo, só há FGC para títulos emitidos por Instituições Financeiras (Bancos e Financeiras).

Contudo, há questões importantes sobre o FGC que trarei em um outro artigo, demonstrando que não é porque títulos do tesouro não tenham FGC que, significa que são menos seguros que de instituições financeiras.

Número 3 – Outra informação muito importante nesta tabela é a coluna Imposto de Renda (IR), e veja que esta informação se difere entre os grupos.

Os diferentes que são iguais

Vamos analisar primeiramente os títulos do grupo 1

Para nós investidores, eles são iguais em sua essência, pois estamos emprestando dinheiro para alguém: CDB (Certificado de Depósito Bancário) e LC (Letras de Câmbio) para Instituições Financeiras (Bancos e Financeiras respectivamente) e Debentures para Empresas. Sendo assim, por consequência, como já vimos, debentures não terão o FGC, e com relação ao Imposto de Renda ambos os 3 títulos possuem impostos de forma regressiva, quanto mais tempo investido, menor o imposto.

Um detalhe sobre debentures, há também o que chamamos de Debentures incentivadas que possuem isenção de imposto de renda, isso vem identificado na corretora de valores quando uma debenture possui este incentivo.

E os demais Grupos?

Você notou que eu separei a tabela em grupos: 1, 2 e 3.  

E se eu te disser que, em sua essência, o Grupo 2 é idêntico ao Grupo 1? Não me chame de louco! Sabe qual a única diferença entre o Grupo 1 e o Grupo 2? O imposto de renda.

No Grupo 2 você também estará emprestando dinheiro para uma instituição financeira (que tem FGC) ou para uma empresa (neste caso emprestando para securitizadoras, que não tem FGC), a única diferença é que os títulos do Grupo 1 incidem imposto de renda e os títulos do Grupo 2 não incidem.

Se compararmos mais a fundo, do lado de quem capta o dinheiro há certas diferenças, pois LCI (Letra de Crédito Imobiliários), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), como os nomes já sugerem, são ativos que são destinados a setores imobiliários e do agronegócio. Mas é um papo para outro artigo.

O que eu gostaria que você entendesse é que até agora estamos falando de títulos muito parecidos, o que vai variar é para quem você está emprestando, e por esse motivo já lhe diz se tem FGC ou não, e se tem isenção de imposto de renda, ou não.

E os Tesouros?

Agora como você já entendeu a lógica da tabela, já pode concluir, que o que difere o Grupo 3 dos demais, é que simplesmente você estará emprestando dinheiro para o Governo, que por consequência não tem FGC, e neste caso não há isenção de IR.

Para mais detalhes do Tesouro Direto, já fiz outros artigos falando a respeito e, portanto, te convido a apreciá-los.

Tesouro Direto e porquê investir em Títulos Públicos?

Tesouro direto Prefixado e IPCA+ e a Marcação a Mercado

Conclusão

Resumindo, como já comentei, os títulos de renda fixa são títulos onde você estará emprestando dinheiro para alguém, seja para uma instituição financeira, para uma empresa ou para o governo e teremos estes títulos rentabilizando através de um percentual sobre o CDI, Taxa Selic ou Prefixados.

Em futuros artigos estarei detalhando alguns destes títulos de investimentos, mas por hora, espero que tenha ficado mais claro o que são estas letrinhas e que isso possa te ajudar em suas escolhas. E se você quiser se aprofundar ainda mais, conheça meu curso que, entre outros temas, Renda Fixa, Renda Variável, Ações, Fundos Imobiliários e outros, eu detalho ainda mais sobre como você pode fazer escolhas inteligentes para diferentes tipos de objetivos.

Por fim, sou Paulo Boniatti, um forte abs, até o próximo artigo e tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

1 comentário em “CDB? LC? Debênture? LCI? LCA? CRI? CRA? Tesouro Direto? CDI? Selic? Socorro!

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