A origem do dinheiro – da pré-história até os dias de hoje

Há quem diga que dinheiro não é importante, mas inevitavelmente ninguém pode viver sem ele. Praticamente tudo depende das polêmicas “verdinhas”.

Mas, você já parou para refletir como, e porquê, surgiu o dinheiro?

Gostando ou não, ele faz parte de nossas vidas. E, assim quero contar, de maneira bastante objetiva, a história do dinheiro.

Vem comigo!

A necessidade do coletivo

Muito antes de Cristo, na idade dos homens das cavernas, o ser-humano sobrevivia em pequenos grupos, sua subsistência se dava principalmente a base de caça.

Com o passar do tempo, o homem primitivo desenvolveu a capacidade da agricultura. Foi percebida então a possibilidade de se estabelecerem em grupos maiores.

Esse coletivo traria diversas vantagens, dentre elas, a segurança que um grupo maior traria contra predadores, além de possibilitar que certos indivíduos se especializassem em diferentes tarefas.

Surge então o escambo. Aqueles que se especializaram na caça, poderiam obter grãos por meio da troca de carnes, e vice-versa.

Sem a necessidade de cada indivíduo conhecer e atuar em tudo, cada um pode, de pouco em pouco, melhorar suas habilidades e ferramentas.

Desta maneira, o escambo não acontecia somente com produtos, mas também com serviços. Uma pessoa hospitaleira, detentora do conhecimento da construção de abrigos poderia conseguir comida oferecendo hospedagem para um caçador, por exemplo.

Assim, surgem e evoluem os primos grupos e povos.

Quanto vale cada produto

Nesse processo de evolução e, com o crescimento dos grupos e da oferta de novos produtos e serviços, surge um problema. A pergunta era: quanto vale cada produto?

Não havendo um consenso, cada indivíduo poderia dar um determinado valor a seu produto, gerando assim, desentendimentos e problemas nas relações saudáveis de troca.

Foi então que, cada região determinou um produto comum. Esse produto serviria como base na definição de valor aos demais produtos e, facilitaria assim, o recebimento e a troca por outros produtos e serviços.

Em outras palavras, certos produtos foram definidos como “moedas”. Para que se tenha exemplo, podemos citar:

  • Bois na Grécia;
  • Amêndoas na Índia;
  • Arroz no Japão;
  • Rena na Sibéria;
  • Manteiga na Noruega;
  • Sal em Roma.

Supostamente você tenha se surpreendido com esses tipos de moedas. Mas, quero fazer uma correlação bastante interessante ao que aconteceu em Roma.

A palavra salário deriva do Latim, salarium, o que significa: pagamento com sal.

Nos dias de hoje seria uma afronta receber nosso salário em quantidades de sal. Mas, na época, o sal era um produto muito valorizado.

Sabor à comida era um de seus benefícios, contudo, seu poder de conservar alimentos — não existia geladeira — bem como de cicatrização — em especial em uma época de grandes batalhas —, o fazia ser considerado um produto divino, presente de Salus, a deusa romana da saúde.

Como armazenar seus salários

Com o passar do tempo, percebeu-se um novo problema: como armazenar e transportar inúmera quantidade de sal ou até mesmo cabeças de boi? Além disso, tendo um produto como um meio de troca principal, era simples de replicá-lo por quem quisesse.

Era preciso então uma maneira de facilitar seu transporte e dificultar sua replicação.

Foi então que, na Lídia (atualmente Turquia), em meados de 700 anos antes de Cristo surgiram as primeiras moedas cunhadas em metal leve.

Diversas outras civilizações seguiram esse exemplo e, de pouco em pouco surgem as tão famosas moedas de ouro, prata e cobre, cada qual com seu respectivo valor. Esse processo pode ser chamado de dinheiro representativo, seu valor estampado era o que representava o valor da moeda.

Ainda assim, apesar do prazer dos sons das moedas se chocando entre si em um saco, carregar certa quantia, além de desconfortável, era também extremamente perigoso.

Foi desta maneira que surgem então os primeiros bancos:

  • Suécia, 1656;
  • Inglaterra, 1695;
  • França, 1700;
  • Brasil, 1808.

Seus clientes guardavam seus ouros no banco e, em troca recebiam recibos com a denominação da quantidade ali guardado.

Não é difícil de imaginar que esses recibos, em pouco tempo, se tornaram meios de pagamento. O detentor do recibo poderia comprar produtos e serviços e pagar por meio desse papel. Surgem então os primeiros papéis moeda.

Quanto mais confiável fosse o banco, maior era a aceitação do recibo pelos comerciantes que, poderia receber e posteriormente sacar as moedas diretamente no banco.

Dessa forma, com a evolução do mercado e surgimento dos bancos centrais, os papeis moedas (cédulas) foram definidos nacionalmente por cada país.

Tudo não passa de confiança

A relação de dinheiro versus moedas depositadas no banco se manteve pareada por muito tempo. Isso quer dizer que, se você fosse ao banco e solicitasse resgate de todos seus ouros, assim aconteceria.

O que ocorre é que, devido, principalmente as grandes guerras mundiais do século passado, o mundo se viu em grande depressão econômica.

Com o objetivo da busca de soluções e dar um rumo mais próspero as diferentes nações, em 1944 diferentes países se uniram em torno de uma causa única. Na ocasião, definiram que toda a reserva de ouro seria lastreada em uma moeda comum. Por ser os EUA o país com a maior reserva de ouro, definiu-se então que Dólar seria essa moeda e que, cada Dólar seria lastreado em seu respectivo valor em ouro.

Assim ocorreu, até que, em 1971 os EUA declararam que não mais lastreariam as reservas de Dólar ao ouro. Alguns dizem que foi o maior calote da história — não estamos aqui para comentar. Encerrou-se então o padrão ouro e entrou em vigor o conceito de moeda fiduciária.

Moeda fiduciária não tem qualquer lastro, se sustenta baseado na confiança. Confiança que os Governos terão capacidade de honrar com suas dívidas, confiança de que, o dinheiro que você tem em mãos hoje tem realmente algum valor.

Esse é o modelo atual, e aquele a qual você deve ponderar se faz sentido confiar toda sua riqueza em uma única moeda. Mas, aí é assunto para outros artigos.

Conclusão

Como pôde ver, o conceito de dinheiro como meio de troca existe desde sempre. O que mudou foi sua forma e seu respectivo valor.

Independente de qual seja sua forma, até o momento não há como vivermos sem.

E agora, qual será o futuro das “verdinhas”? Será que vamos substituir tudo por moedas digitais? Existirá uma moeda global sem intervenções ou interesses governamentais?

Bom, deixo para você imaginar.

Espero ter agregado conhecimento. Como sempre, lhe desejo todo sucesso e prosperidade que sei que você merece.

Sou Paulo Boniatti, um forte abraço e tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

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