Como eu investiria meus primeiros R$ 1 mil hoje?

Se eu pudesse voltar no tempo, como investiria meus primeiros R$ 1 mil? Tendo o conhecimento de hoje, será que teria começado de maneira diferente?

Lembrando! O artigo não se trata de recomendação. Estou apenas compartilhando opinião pessoal. Trata-se da maneira como conduzo minha carteira de investimentos. Antes de qualquer investimento, estude.

Teria começado diferente?

Sem conhecimento algum de mercado, minha primeira carteira de investimentos foi no estilo desbravador: não haviam proteções, tampouco um modelo de diversificação que me permitisse sobreviver no longo prazo.

Para que se tenha ideia, a primeira seleção de Ações foi baseada em um comparativo de empresas que mais se repetiam nas recomendações de analistas e corretoras de valores.

E não faça isso! Se mantivesse a estrutura inicial, certamente teria sentido fortemente os impactos da crise de 2020.

Ainda bem que em pouco tempo notei as falhas, aprofundei-me nos estudos e remodelei a carteira para algo bem próximo ao que é hoje.

Então respondendo: sim, teria começado completamente diferente!

Como é minha carteira hoje?

Em grandes marcos, os pilares que sigo em minha carteira:

  • Proteção em Dólar;
  • Proteção em Caixa;
  • Agressividade em Renda Variável.

Já fiz diversos artigos que citam e explicam os motivos dessa composição. Mas, se quer entender o que move uma carteira composta dessa maneira, sugiro a leitura desse outro artigo onde demonstro como minha carteira sobreviveu à crise de 2020: Como meus investimentos sobreviveram na crise

Como eu investiria meus primeiros R$ 1 mil? Temos um problema!

Tenho como base, alocar:

PilarAtivoMontante
Proteção em DólarFundo Cambial≈ 10%
Proteção em Caixa  Tesouro Selic ou CDB 100% CDI com Liquidez Diária Fundo DI≈ 25-30%
Renda VariávelSetor Financeiro% restante

Importante ressaltar que esses percentuais são apenas uma base. Até porque, tenho como estratégia aumentar gradativamente meu % de caixa à medida em que vou envelhecendo. É uma forma de estar buscando mais proteção de patrimônio com o passar do tempo.

Não quero me alongar a cada um dos tipos de ativos. Como comentei, outros artigos explicam melhor a estratégia.

Agora, se pensarmos friamente nessa divisão, então alocaria R$ 100 em Proteção em Dólar, R$ 300 em Proteção em Caixa e os R$ 600 restantes em Renda Variável. Certo? Quase isso!

Temos um problema!

Veja, a estratégia diz que os 10% (R$ 100) de Proteção em Dólar seriam alocados em Fundos Cambiais. Contudo, temos um problema. Fundos Cambiais, geralmente, possuem aporte mínimo a partir de R$ 500.

Como fazer para alocar somente R$ 100 em Dólar? Nesse caso, eu faria uma pequena adaptação.

Usando o IVVB11

Apesar de não ser uma proteção tão natural quanto um Fundo Cambial, poderia me utilizar do ETF IVVB11. Esse ETF replica o Índice do S&P500 (as 500 maiores empresas americanas) e possui um custo menor de investimento.

Contudo, ainda assim teríamos um problema. Apesar de menos custoso, o IVVB11 está custando aproximadamente R$ 209 (Cotação de 30/11/2020). Bom, nesse caso eu aumentaria meu percentual de proteção cambial para os R$ 209, e reduziria o valor excedente da parte que alocaria exclusivamente em Renda Variável.

“Mas Boni, o IVVB11 não é Renda Variável?”. Sim! Mas como citei nesse outro artigo, esse ETF, devido sua exposição em Dólar, pode nos dar uma certa proteção cambial.

E lembre-se, tenho R$ 1 mil e preciso distribuir em classes de ativos que mantenham o máximo das características da minha estratégia inicial.

Continuando…

Dando continuidade, manteria os R$ 300 em caixa. Nesse caso, poderia ser um Tesouro Selic, um CDB 100% CDI liquidez diária ou um fundo DI. O foco aqui é proteção e não rentabilidade.

Os R$ 491 restantes alocaria em 5 companhias de setores distintos da Bolsa Brasileira. Sem citar empresas, optaria por setores que tenho apresso: financeiro; seguros; energia; saúde e um quinto setor que poderia ser varejo, construção, tecnologia ou outro. Ou até mesmo, quem sabe alocar essa quinta parte em uma cripto.

Se você não sabe como analisar uma companhia a se investir em simples passos. Leia esse outro artigo: Os pilares que envolvem a escolha de uma Ação na Bolsa de Valores

“Mas Boni, não optaria por Fundos Imobiliários?”. Não nesse momento. Apesar de ter uma parte relevante de FIIs em carteira atualmente. De início eu focaria em Ações. Gosto dessa classe de ativos. E com o passar do tempo poderia ir redistribuindo parte do patrimônio para os Fundos Imobiliários.

Diante disso, minha composição inicial seria:

PilarAtivoMontante
Proteção em DólarIVVB11≈ R$ 209
Proteção em Caixa  Tesouro Selic ou CDB 100% CDI com Liquidez Diária Fundo DI≈ R$ 300
Renda VariávelSetor Financeiro≈ R$ 98,2
 Setor Seguros≈ R$ 98,2
 Setor de Energia≈ R$ 98,2
 Setor de Saúde≈ R$ 98,2
 Outro≈ R$ 98,2

Logicamente, com novos aportes, pensaria em cadenciar minha carteira para ter o Fundo Cambial. Apesar do IVVB11 dar uma certa proteção, o comportamento dele frente ao Dólar “puro” pode ser distinto dependendo do momento econômico.

E a reserva de emergência

Estou partindo do princípio que a reserva já estaria montada. De qualquer forma, caso a sua não esteja, é inegável a importância de compô-la antes de partir 100% para os investimentos diretos. Nunca se sabe o dia de amanhã.

Porém, não acho loucura para quem ainda não fez sua reserva, conduzir as duas coisas ao mesmo tempo (construção de reserva e de carteira de investimentos). Contudo, sempre dando maior proporção para a Reserva de Emergência. Talvez alocando 80% para a Reserva e os 20% em outros investimentos.

Pondere!

Um plus. Custos!

De maneira plus ao artigo, pondere os custos. Até pouco tempo atrás, era impensável compor uma carteira dessas com R$ 1 mil. O motivo eram as altas corretagens cobradas por corretoras em operações no mercado acionário.

Contudo, atualmente, diversas corretoras oferecem corretagem taxa zero para compra de Ações. Exemplos atualmente podemos citar: Clear, Rico, Banco Inter e Toro.

Isso é uma grande vitória para quem está começando a investir hoje. Custos, quando desnecessários, corroem nossa rentabilidade de longo prazo.

Conclusão

Sem querer me alongar. Essa seria minha versão de carteira se estivesse começando com R$ 1 mil à disposição para investir.

Lembre-se que não é recomendação. Estou apenas compartilhando minha opinião e a maneira como conduzo minha carteira de investimentos. Antes de qualquer investimento, estude.

Por fim, sou Paulo Boniatti. Um forte abraço, até o próximo artigo e tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

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