Qual o melhor investimento para a Reserva de Emergência?

Tenho absoluta certeza de que, para você, não é mais novidade sobre a importância de se ter uma reserva de emergência, até porque, ter a sua é base fundamental para uma vida financeira mais saudável.

Se eu estiver, no entanto, errado, antes de dar sequência a este artigo, sugiro que assista a este vídeo ao qual falo sobre a importância de ter uma reserva de emergência e por qual motivo você não deveria abrir mão da sua: https://www.youtube.com/watch?v=dEKE2FKOedQ

Agora, continuando, hoje quero dar minha opinião sobre qual o melhor investimento para a sua reserva. Por vezes, o menos pode ser mais, e este é claramente um destes casos.

Se este tema lhe interessa — como sei que irá interessar —, confia e vem comigo.

As opções mais comumente usadas

A maneira mais simples de abordar este tema, em minha opinião, é falar não somente da melhor opção, mas comentar sobre as demais. Até porque, não existe uma única opção e, apesar da filosofia do SaldoZero, cada um é livre para escolher aquela que melhor lhe atenda.

Vejamos…

Contas remuneradas

Com sua crescente utilização, as contas remuneradas estão se tornando cada vez mais populares e, passando a ser a primeira opção de reserva para muitos novos investidores. Por sua facilidade e promessa de rentabilidade, é compreensível que este tipo de conta esteja dentre as primeiras escolhas.

Quando o assunto é reserva de emergência, contudo, sou um crítico ferrenho. Antes de mais nada, quais são as principais características que um investimento tem que ter para que seja considerado apropriado para uma reserva de emergência? São 3:

  • Liquidez;
  • Pós-fixados a Selic ou CDI;
  • Segurança.

Não detalharei as três questões neste artigo, uma vez que, o vídeo já linkado anteriormente aborda questões como estas. Além do mais, as três opções que estarão sendo discutidas neste artigo já atendem — salvo exceções — aos quesitos de liquidez e rentabilização pós-fixada.

Mas, chamo sua atenção para o terceiro ponto: segurança.

Segurança, dentre as 3 características principais, para mim, é a mais importante a se observar. E por qual motivo? Ora, estamos falando de reserva de emergência, quero dizer, estamos falando daquele capital que servirá para um socorro imprevisto.

Quem em sã consciência espera, no momento da emergência, não conseguir ter acesso ao seu capital? Estou dizendo que isso vai acontecer com as contas remuneradas? Não, absolutamente. Mas que, há o risco.

As contas remuneradas que tanto ganharam projeção nos últimos anos, são, na grande maioria, de instituições financeiras menores que, para angariarem clientes, precisam constantemente estarem oferecendo rentabilidade acima do que são capazes.

Fato este comprovado facilmente com os resultados constantes, por exemplo, do Nubank, que, em sua recente história, teve apenas um pequeno lapso de lucro — pouco antes da abertura de capital na bolsa de valores — dentre um histórico de prejuízos.

Apesar, obviamente, de haver a cobertura do FGC — se não sabe o que é, assista a este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Hf9U7nL9ZNc —, lembre-se: estamos falando da parte do nosso capital que deve prezar por segurança para que tenhamos ele disponível na emergência.

Ninguém prevê a emergência, ela chega de repente.

E vamos separar as coisas: uma coisa é o capital do mês, aquele que você gira e destina para suprir os gastos mensais; outra coisa é a reserva de emergência, aquela parte do capital grande para suprir emergências. Estamos falando desta última.

Uma outra questão a se observar é que, se instituições financeiras que vivem no prejuízo e dependem massivamente de injeção de dinheiro novo para sobreviverem não quebrarem, elas terão que, uma hora mudar sua maneira de trabalho.

Coincidência ou não, o Nubank anunciou não mais rentabilizar o dinheiro a 100% do CDI para dinheiro novo depositado a não mais de 30 dias. Não se trata aqui exclusivamente de segurança de quebra, mas também de segurança de rentabilidade.

E mesmo que uma instituição esteja lhe oferecendo 101% do CDI ao invés de 100% do CDI. As ressalvas são exatamente as mesmas.

Portanto, apesar de muita gente confiar sua reserva a segurança destas instituições, eu preferiria algo mais seguro e provado no tempo, ou seja, em instituições mais seguras.

CDBs com liquidez diária

Passando para um próximo nível, há quem prefira confiar sua reserva aos famosos CDBs com 100% (ou mais) do CDI. Novamente, se estas siglas lhe soarem confusas, sugiro este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4dAa6CKjRKk.

Aqui precisamos separar este tipo de investimento em dois grandes grupos: de pequenos bancos e, de grandes bancos.

Quando falamos em pequenos bancos, podemos incorrer dos mesmos riscos já elucidados anteriormente sobre as contas remuneradas. Seria redundante abordar novamente os argumentos que me fazem não ter estes bancos como primeira opção para uma reserva de emergência.

Agora, quando falamos de grandes bancos, a situação muda um pouco de figura. Apesar de muita gente torcer o nariz para bancos como Santander, Bradesco, Itaú e companhia, e por isso preferirem bancos menores, inevitavelmente são bancos muito maiores, com uma maior solidez e provados no tempo.

Ao que tudo indica, portanto, parecem ser instituições mais indicadas para confiarmos nossa reserva. Contudo, só porque são grandes, não quer dizer que não quebrem. Apenas um pequeno grande exemplo: Estados Unidos em 2008, diversos bancos quebraram após o escândalo do Subprime.

Aqui no Brasil, diversos bancos deixaram de existir foram comprados ou realizaram fusões sem grandes prejuízos a seus correntistas e investidores. Mas, quem não se lembra do falido Banco Santos?

Talvez isso não lhe soe preocupante devido, novamente, ao famigerado FGC. Se estou certo, novamente convido você a assistir ao vídeo já elencado, que falo sobre esta instituição.

No citado vídeo, mostro que, quando o assunto é FGC, bancos grandes podem embutir um risco, de veras até maior do que bancos pequenos. E por qual motivo? Pelo simples fato de que, o FGC não possui liquidez suficiente para cobrir a quebra de um grande branco.

Bom, se a questão da segurança é um dos pontos mais importantes para uma reserva de emergência, e se, as opções mostradas até agora, apesar de mais ou menos seguraras, ainda embutem um nível mais observável de risco, o que nos resta?

Pois bem, você gostando ou não de questões relacionadas ao governo, não podemos deixar de falar sobre o famigerado Tesouro Selic. Assunto do próximo tópico.

Tesouro Selic

Antes de mais nada, entenda o seguinte: não há investimento risco zero. Se houver qualquer investimento sem risco, este, por lógica, deveria retornar 0% de retorno. Todo investimento, seja para mais ou para menos, embute um certo grau de risco.

Mas, posso lhe afirmar: dentre as 3 principais alternativas utilizadas para reserva de emergência, o Tesouro Selic é, sem dúvidas, uma das opções de menor risco. Explico:

Primeiro temos que compreender que o Governo é soberano. O que isto quer dizer? Apesar de eu ser um liberal, e não gostar de financiar governos, um governo não quebra. Um banco pode quebrar, mas um governo não.

Ou você por acaso conhece algum país que teve um governo no passado e não tem mais governo hoje? Trocam-se os políticos, mas o Governo, como instituição, está sempre lá. Ah não ser que seja uma tomada de poder por meio de guerras e afins, um país soberano e democrático, como é o nosso, nunca deixará de ter um governo — ou desgoverno se lhe soar melhor.

Mas o ponto é que, estando melhor ou pior a situação financeira do país, este estará sempre necessitando de financiamentos. Neste caso, uma das maneiras do Governo se financiar é por meio de seus títulos públicos, como o Tesouro Selic, por exemplo.

É comum de vermos um governo aplicar um golpe em dívidas externas, mas é incomum acontecer o mesmo com a dívida interna. Se um governo declarar que não pagará sua dívida interna, ele simplesmente deixará de captar recursos. Em outras palavras, quebrará ou não mais se sustentará.

Em situações mais complexas, como a que estamos vivendo hoje, o Governo aumenta a taxa de juros prometida — Taxa Selic — e oferece seus títulos a estas taxas maiores. Se o risco é maior, oferece-se mais, e continua a captar, rolando dívidas passadas e se mantendo no jogo.

Infelizmente não é algo que um banco pode se dar ao luxo. Um banco, neste caso, seguirá as taxas de mercado. Diferente do que muita gente acredita, juros de mercado mais altos podem ser bons para um banco até certo ponto. Além de um certo patamar, pode também ser prejudicial. Encarece a captação de recursos e aumenta o risco da operação — capta-se mais caro, empresta-se mais caro ainda; eleva-se o risco e o perigo de calotes.

Não por menos que, como já comentado, em um passado não tão longo, se não simplesmente quebrados, diversos bancos foram comprados ou fundidos a outros por estarem quebrando.

Entenda, um governo pode salvar um banco, mas um banco não pode salvar um governo.

Além do mais, se isso já não for suficiente, lembra do FGC? Sim este mesmo. Apesar de muita gente ainda se apegar ao fundo garantidor, este só lhe “garante” — lembre-se dos riscos — um montante de até R$250 mil por CPF versus conglomerado financeiro. Isso pode lhe parecer muito, mas, em pouco tempo, se você estiver trilhando um caminho rumo a liberdade financeira, lhe será extremamente pouco. Eu não dependeria disto.

Por estes motivos é que, pessoalmente falando, o Tesouro Selic é a melhor opção para se ter como reserva de emergência.

Considerações finais

Resumindo tudo o que foi dito:

  • São três as opções mais comuns utilizadas para reserva: contas remuneradas, CDBs de grandes bancos e, Tesouro Selic;
  • Ambas, em linhas gerais, vão lhe oferecer liquidez diária e rentabilidade pós fixada ligada ao CDI ou Selic.
  • Das três, quando olhamos pelo viés segurança, a mais segura, ainda é o polêmico Tesouro Selic.

Qualquer coisa diferente disto, salvo se for por meio de uma questão muito específica que justifique a escolha, é simplesmente, como diz o ditado: buscar pelo em ovo.

Como disse no início deste artigo, por vezes, o menos pode ser mais, e este é claramente um destes casos.

Sucesso e prosperidade sempre,

Paulo Boniatti

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

1 comentário em “Qual o melhor investimento para a Reserva de Emergência?

  1. Pingback: Não tem risco, o FGC é seguro! Será mesmo? - SaldoZero

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *