Os grandes hábitos que vão acabar com sua vida financeira

O sucesso de um plano financeiro independe somente da escolha de bons investimentos, mas também da criação de bons hábitos financeiros.

  • Todo bom cozinheiro sabe: antes de qualquer trabalho, a cozinha precisa estar organizada;
  • Todo bom engenheiro sabe: antes de qualquer construção, o terreno precisa estar preparado;
  • Todo bom investidor sabe: antes de qualquer investimento, as finanças precisam estar equilibradas.

Hoje quero abordar alguns hábitos — certamente existirão outros — que, evitados, podem melhorar sua vida financeira como um todo, seja pela tranquilidade de ter as finanças em ordem, como também pela possibilidade de investir cada vez mais, e melhor.

Vem comigo!

Os “pequenos” hábitos do dia a dia

Há quem diga que temos que focar somente nos grandes gastos. Supostamente para quem tem um patrimônio “relevante” possa fazer mais sentido.

Mas, como diz a frase, “quem não enxerga o pouco, não enxergará o muito”, para quem tem pouco capital, prestar atenção nos pequenos hábitos é o que te fará dar maior atenção também, aos grandes.

Portanto, cuide dos pequenos gastos sim. Vou lhe dar alguns exemplos:

Estudos revelam que os fumantes brasileiros consomem em média 17 cigarros por dia. Considerando uma carteira ao custo de R$ 10, é um custo equivalente a R$ 3,1 mil ao ano. Esse montante, se investido durante 30 anos em investimentos rentabilizando 1% ao mês, seria o equivalente a R$ 854 mil.

Você não leu errado. Esse patrimônio, equivalente ao valor de uma bela casa, certamente resolveria o problema de muita família.

Do outro lado, pesquisas também já revelaram que, o brasileiro médio tem por costume consumir 14% de suas receitas com bebidas alcóolicas. Em outras palavras, para cada R$ 1 mil recebidos, R$ 140 são gastos com bebidas.

Não é meu objetivo reclamar os vícios, mas mostrar que, além desses pequenos gastos estarem nos deixando mais pobres, estão também, prejudicando nossa saúde e aumentando, ainda mais, gastos futuros.

Esses são apenas alguns exemplos. Poderíamos ir além fazendo um verdadeiro raio X e buscando diversas fugas de dinheiro que, simplesmente, não nos damos conta.

Um exercício bastante interessante é você planilhar todos seus gastos e incluir a seguinte questão: quanto “eu” teria de capital investido em 30 anos se pudesse reduzir ou eliminar esse gasto? Se não sabe como fazer isso, basta usar o Excel — ou outra planilha eletrônica — com a seguinte fórmula:

=VF(12%;30;-8000)

Substitua:

  • “12%” pela taxa de juros anual a qual acredita que estará conseguindo investir;
  • “30” pelo número de anos a projetar;
  • “-8000” pelo montante economizado ao ano pela redução do hábito.

Nesse exemplo, a fórmula nos retornará: R$ 1,930 milhão.

E, novamente: “quem não enxerga o pouco, não enxergará o muito”.

Os “médios” hábitos mensais

Você percebe como o padrão de consumo da sociedade muda com relação ao tempo? Até anos atrás, possuir TV a Cabo era artigo de luxo. Na época, pouco se falava em serviços de streaming ao estilo Netflix.

Contudo, hoje, não somente existe o famoso N vermelhinho, como também outros diversos serviços concorrentes. Inclusive não é raro ver famílias que, assinam não somente 1 serviço, como diversos deles.

Da mesma maneira, uma década atrás eram poucas as famílias que possuíam banda larga, a grande maioria se conectava pelo bom e velho modem 56k e seu famoso barulhinho de conexão — estou ficando velho.

Hoje em dia, não somente a banda larga foi difundida, como muitas famílias já se utilizam das modernas fibras óticas com suas ultras velocidades.

A questão é que, a grande parte desses serviços antigos — e mais caros —, foram substituídos por serviços melhores e menos custosos. Existem planos de ADSL antigos, menos eficazes que são mais caros à novos planos.

A concorrência desenfreada entre empresas nos dá a possibilidade de estarmos revisando, não somente a necessidade de mantermos um serviço antigo, como seus contratos, barganhando ou migrando para a concorrente, periodicamente.

E, não paramos por aí. Essa revisão pode ser incluída para outros tipos de serviços como, planos de saúde, planos odontológicos, seguro de casa e automóvel, serviços de segurança e monitoramento, telefonia celular e etc.

A ordem é, cancele serviços não essenciais e pouco usados, busque alternativas para os demais. Possivelmente a economia ao longo dos anos será extremamente interessante. Inclusive, pode-se utilizar da mesma fórmula citada anteriormente para projetar economias futuras.

Quanto menor é nosso custo desnecessário mensal, maior será nossa tranquilidade financeira e maiores as possibilidades de estarmos investindo cada vez mais e melhor.

Os “grandes” hábitos anuais

Possivelmente os grandes hábitos sejam também os piores; aqueles que mais prejudicam uma vida financeira de longo prazo. Muito destes hábitos está ligado a querermos antecipar sonhos de curto prazo em detrimento a sonhos de vida de longo prazo.

A antecipação de sonhos, na grande maioria das vezes, vem ligada a uma simples palavra: parcelamento. E não falo somente daquele aonde vamos a loja e parcelamos um produto qualquer em 10 vezes, mas falo de todo e qualquer tipo de empréstimo e financiamento.

Primeira coisa que você tem que entender é que, qualquer tipo de parcelamento incorre de juros, seja ele qual for. Quando você vai à loja, encontra um eletrodoméstico e vê, “10x sem juros”, é uma doce ilusão.

O dinheiro tem valor no tempo, o mundo capitalista vive sob efeito de crédito e juros. Quando você encontra um produto parcelado em algumas vezes, o valor parcelado está embutindo juros. Não se engane e não se deixe ser enganado.

Além disso, existe ainda um outro fator de extrema importância, o descontrole financeiro. Os primeiros R$ 100 reais não “pesam” no bolso; os outros R$ 50 também não; os últimos R$ 300 ainda cabem.

Mas, logo os parcelamentos serão um fator sufocante na vida financeira da maioria das famílias. E, no momento em que o “copo” estiver cheio, basta uma única gosta a mais para tudo transbordar. Cuidado!

Nesse sentido, a opção de compra deve ser dada de preferência à compra à vista juntamente com a obtenção de desconto.

Certamente, alguns comerciantes alegarão que o preço à vista é o mesmo do parcelado, o que não faz o mínimo sentido e passa por uma abordagem persuasiva para que a venda seja feita. Nesse caso, se não houver desconto, simplesmente deixe de comprar o produto, busque um concorrente ou aguarde mais alguns dias que, certamente o preço à vista aparecerá.

Mas como disse, não estamos falando somente desse tipo de parcelamento, isso ocorrerá também para quaisquer outros: financiamentos e empréstimos. Incluem-se aqui, viagens não programadas, compra de carros e, principalmente, a compra de imóveis — nesse sentido o problema é muito maior.

Quando falamos de imóveis, ainda há um grande hábito da compra de imóvel financiado. O tal do “pagar pelo que é meu”. Contudo, o imóvel não é seu enquanto não estiver totalmente pago. Basta deixar de pagar algumas parcelas para comprovar que o imóvel tem outro dono: o banco.

Por outro lago, a crença de que aluguel é algo ruim — apesar de ser mais barato que um financiamento — é ocasionada pelo fato de que, a grande maioria das pessoas não se dá conta — ou não sabem — que podem investir a diferença de valor entre a parcela do aluguel versus a parcela do financiamento.

Além disso, a grande maioria, ao invés de investir essa diferença financeira, simplesmente a consomem de maneira equivocada — e muitas vezes pelos pequenos e médios hábitos abordados.

Não avançarei nessas questões uma vez que já fiz diversos artigos abordando o tema.

O que tem que ficar claro é que, se parcelar, estará pagando juros. Mesmo que sua ideia seja, parcelar para não se descapitalizar e assim “trabalhar” esse dinheiro, a pergunta que tem que ser respondida é: qual a taxa do juro cobrada pela instituição e qual a taxa você obterá com seu capital “trabalhado”?

Na grande maioria das vezes o juro cobrado será maior — e muito maior — à taxa que você conseguirá obter em seus investimentos. Assim sendo, na grande maioria das vezes opte por pagar seus bens à vista, salvo se, você realmente conseguir investir seu capital a taxas superiores aos juros cobrados.

Conclusão

Resumindo tudo o que foi abordado.

  • Cuide dos pequenos hábitos;
  • Vícios podem acabar com a saúde e corroer as finanças;
  • Sempre projete a redução de custos em 30 anos;
  • Revise e renegocie seus gastos mensais — elimine o que for possível;
  • Evite parcelamentos seja qual for. Procure pagar e obter descontos à vista.

Esses foram apenas alguns hábitos. Tenho certeza que, se você refletir e evitar alguns deles estará a frente da grande maioria das pessoas que ainda vivem sob efeitos de uma sociedade enraizada à hábitos cada vez mais consumistas.

Espero que eu tenha conseguido agregar-te conhecimento. Como sempre, lhe desejo todo sucesso e prosperidade que sei que merece.

Por fim, sou Paulo Boniatti. Um forte abraço e, tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

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