Vai investir? Saiba a diferença entre reserva de oportunidade e reserva de emergência

Você sabe a diferença entre reserva de oportunidade e reserva de emergência? Sabe que ambas possuem objetivos bem diferentes? Sabe que, diferente do que muito se prega, apesar de serem de extrema importância, nem sempre é necessário ter as duas?

Bom, como sempre o SaldoZero traz uma ótica diferente a temas comuns. E hoje, vamos falar da exata diferença entre ambas as reservas e quando você precisa ter uma ou outra em carteira, seja para se proteger, ou, seja para potencializar ganhos futuros.

Se este tema lhe interessa, confia e vem comigo.

Os iguais que são diferentes

Muita gente não sabe, ou confunde, o que são ambas as reservas. Todavia não é de se espantar, as características entre elas são praticamente as mesmas, o que muda é apenas seu destino.

Não é meu objetivo entrar nos mínimos detalhes de como montar um reserva de oportunidade ou de emergência, uma vez que já fiz artigos sobre.

Mas em linhas gerais, ambas as reservas envolvem ter um capital investido em títulos pós fixados, com alta liquidez e os mais seguros possíveis. Isto nos leva a entender que, ambas poderiam ser montadas em títulos como Tesouro Selic ou CDBs 100% CDI pós-fixados, por exemplo.

E disso partem as dúvidas. Se ambas as reservas possuem, teoricamente, características semelhantes, por que existem as duas, ou melhor, por que teríamos as duas? Bom, é isso que vou ajudar você a entender.

Quando ter reserva de oportunidade

Quem acompanha o SaldoZero há mais tempo, vai se lembrar que sempre menciono a questão ter termos uma proteção caixa — ou meramente caixa — na carteira de investimentos.

Caixa, de maneira bastante objetiva nada mais é que a reserva de oportunidade. Em linhas gerais é um percentual, geralmente 30% ou mais, dentro da carteira de investimentos com foco em proteção e geração de oportunidades, principalmente nos stresses de mercado.

É a parte da carteira aonde, por exemplo, em um cenário de altas taxas de juros e queda dos investimentos de renda variável, pode lhe permitir a vender uma parte deste caixa que se valorizou mais e comprar parte de renda variável que se valorizou menos.

Neste sentido, a resposta para quando ter reserva de oportunidade é simples: se você quer ter mais consistência, menos preocupação com questões políticas e econômicas que possam vir a prejudicar seus investimentos, sempre terá uma parte carteira destinada à reserva de oportunidade, ou melhor dizendo, para a proteção caixa.

Para entender melhor como montar sua reserva de oportunidade, deixo meu convite para outro artigo: Reserva de Oportunidade.

Agora, apesar da reserva de oportunidade ter características de segurança em uma carteira de investimentos, ela não tem por objetivo assegurar emergências. Esta responsabilidade recai sobre a segunda reserva, ou seja, a de emergência, e que falaremos agora.

Quando ter reserva de emergência

Como adiantei, apesar da reserva de oportunidade ter características de segurança e estar investida em ativos bastante sólidos e seguros, ela não tem como objetivo assegurar emergências. Esta questão é responsabilidade da reserva de emergência.

Em linhas gerais, quando falamos de reserva de emergência, é um montante que você reserva para eventuais emergências que, sem ela, você poderia ter sérios problemas financeiros. Poderíamos citar, a perda de um emprego, um problema de saúde ou um outro imprevisto.

É um capital que lhe garante, em sua necessidade, manter seus investimentos intocáveis, evitando que sejam prejudicados por algo que acontece na vida de todo mundo: imprevistos emergenciais.

Para entender melhor como montar sua reserva de emergência, deixo aqui um artigo complementar: Reserva de Emergência.

Imagino que tenha ficado claro que, apesar das semelhanças, o que difere uma reserva da outra seja seu propósito, ou seja, seu objetivo. Enquanto a reserva de oportunidade vem a assegurar uma maior constância e proteção em uma carteira de investimentos, a reserva de oportunidade vem a blindar e assegurar que emergências adversas sejam solucionadas sem que haja necessidade de tocar em seus investimentos.

Todavia, quando falamos especificamente de reserva de emergência, há uma questão paradoxal.

As melhores práticas nos dizem que, uma reserva de emergência deve ser composta com um montante equivalente entre 6 e 12 meses do custo de vida familiar. Se uma família tem um custo base de R$5mil, sua reserva deveria ser de R$30mil a R$60mil.

Mas vamos olhar por uma outra ótica. Tomando como base o custo de vida mencionado, uma família que tenha R$100mil investidos não poderia se dar ao luxo de ficar sem uma reserva de emergência. O risco de um grande imprevisto obrigar o resgate daquele capital investido é grande.

E veja, o problema não é necessariamente termos de resgatar algum investimento. Mas o problema é quando, esta emergência recai justamente no momento aonde os investimentos estão com desvalorizações de curto prazo.

Do outro lado, supondo que esta família tenha um capital investido mais confortável de alguns milhões de reais em uma carteira de investimentos bastante sólida, uma necessidade de R$60mil supostamente não seria um fato que a levaria à ruina.

Portanto, quando falamos de reserva de emergência, ela é válida, principalmente, para quem tem pouco capital, e supostamente menos válida à medida que o capital seja grande o suficiente para suprir futuras emergências sem grandes impactos nos investimentos.

Considerações finais

Concluindo, quando seguimos a estratégia do SaldoZero com os 3 grandes pilares na carteira de investimentos (proteção caixa, proteção cambial e agressão em renda variável), de início, possivelmente o investidor tenha ambas as reservas. Contudo, com o tempo, e à medida que seu capital ganhe “corpo” e relevância, supostamente tenha apenas uma delas: a reserva de oportunidade.

Agora, entendendo as diferenças, cabe a você discernir: ter uma, as duas, ou nenhuma das reservas?

De todo modo, se você é daqueles do time 100% em renda variável, sugiro que pondere, no mercado financeiro basta apenas um erro para lhe tirar do jogo. Sugiro fortemente a leitura do seguinte artigo: A verdade nua e crua: você poderia ter ganho mais dinheiro investindo em CDI ao invés do Ibovespa.

Espero ter agregado um pouco mais de conhecimento.

Sucesso e prosperidade.

Paulo Boniatti

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

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