Ep1 – Do SaldoZero aos R$ 100 mil – montando a carteira

Vocês são incríveis! O trato era que, iniciaríamos a carteira pública do SaldoZero quando o canal ultrapassasse a marcado dos 10 mil inscritos. E, aqui estamos!

Enfim, depois de pouco mais de um ano de canal iniciaremos esse que será um dos principais quadros do canal.

De maneira bastante democrática eu perguntei a vocês o que preferiam em termos de objetivo e valores de aporte.

A grande maioria respondeu que gostaria de ver uma carteira com o objetivo de alcançarmos R$ 100 mil por meio de aportes mensais de R$ 1 mil.

Portanto, oficialmente damos início ao Do SaldoZero aos R$ 100 mil.

Como funcionará

Primeira coisa que terá de ficar muito claro é que, estamos falando de dinheiro real. É dinheiro que faz parte do meu patrimônio.

Por outro lado, esses montantes não representam meu patrimônio total. A ideia aqui é começar algo do zero buscando nos aproximar da realidade da maioria.

Inclusive, estaremos operando essa carteira, do zero na conta da Sthefanie, minha mulher. Obviamente com a autorização dela.

Portanto, os erros e os acertos, as dificuldades e as oportunidades serão reais. É o tão famigerado Skin in the Game que Nassim Taleb comenta.

Não somente estou colocando meu dinheiro a prova, mas meu nome e minha filosofia também.

Espero que esse quadro possa realmente agregar conhecimento a você.

As expectativas

Muito importante mencionar que estamos falando de uma carteira de investimentos que tem boa exposição em Renda Variável.

Isso quer dizer que estamos suscetíveis a grandes volatilidades, o que dificulta termos expectativas concretas de rentabilidades futuras.

No entanto, independentemente disso, precisamos ter minimamente um plano e algo que nos norteie. Lembremos que investimentos são apenas veículos que nos levarão do ponto A ao ponto B.

Nesse sentido, vou setar uma expectativa média de longo prazo de 12% ao ano. Leia o que escrevi: expectativa média de longo prazo. No curto e médio prazo o que acontecerá é muito diferente disso, não tenha dúvidas.

Outra questão importante, estou considerando aumentar o valor dos aportes em 5% ao ano. Começaremos com R$ 1 mil mensais passando para R$ 1,05 mil no ano próximo e assim por diante. Isso pode mudar de acordo com as expectativas inflacionárias.

Sabendo dessa expectativa futura e dos aportes constantes, a Planilha da Liberdade Financeira (que já abordei em outros artigos) nos diz que estaríamos alcançando os R$ 100 mil aproximadamente em 2027 — pouco mais de 6 anos.

Será que conseguiremos? Só o tempo para dizer.

Aviso importante

Um aviso ultra importante! Não copie essa carteira!

Estou sempre avisando que o que abordo é apenas um compartilhamento de conhecimento. Mas ao que parece nem sempre é suficiente.

Lembre-se que, apesar de eu estar utilizando dinheiro real, estamos falando de uma carteira com renda variável. Antes de qualquer investimento você precisa estudar.

Não seja apenas um passageiro de canais pela internet. Crise sua própria filosofia de investimentos.

Outra questão, o valor dos aportes foi democraticamente definido por vocês. Se é pouco ou muito, pondere sempre para sua realidade.

Continuando…

As bases da carteira do SaldoZero

Antes de sairmos investindo em qualquer coisa, precisamos ter um plano, uma definição macro de carteira.

A carteira de investimentos do SaldoZero se baseia em três grandes pilares:

  • Proteção caixa
  • Proteção cambial
  • Agressão renda variável

Veja que são dois pilares de proteção. Sim, gosto de proteger o patrimônio. É a frase que gosto de sempre mencionar: Antes de pensar em ganhar, pense em não perder; proteja-se sempre.

Não entrarei nos detalhes dos motivos dessa disposição uma vez que é algo que já venho abordando rotineiramente no canal. Sugiro a leitura desse outro artigo: Porque combinar Renda Fixa, Renda Variável e Dólar em uma única carteira pode ser uma estratégia inteligente?

Nesse sentido, a primeira grande disposição da carteira será: 30% para caixa; 10% para proteção cambial; restante para renda variável.

A primeira alocação de ativos

Já estou com os primeiros R$ 1 mil na conta da corretora. E temos R$ 600 disponíveis para comprarmos em renda variável.

Obviamente não é um valor, ainda, relevante para comprarmos lotes de ações fechados. Mas utilizando o mercado fracionário podemos fazer uma boa diversificação.

Mas a primeira coisa que precisamos ponderar é: qual setor(es) estaremos investindo?

Importante abrir um parêntese aqui que, muita gente acredita que estar investido em Itaú e Santander ao mesmo tempo trata-se de diversificação, o que é um equívoco. Se o setor não for bem, de nada adiantará estar exposto às duas companhias.

Portanto, quais setores? Nesse sentido, e em um primeiro momento, estarei optando por setores mais perenes (menos cíclicos): energia, seguros, financeiro e afins.

Nada nos impede de incluir companhias mais especulativas, mas, nesse momento, quero montar uma base mais sólida em nossa carteira. Quero garantir que nos mantenhamos vivos no longo prazo.

Inclusive é importante citar que, dentro do mercado financeiro haverão inúmeras estratégias, cada qual com seus prós e contras.

Não há necessariamente uma melhor ou pior. Algumas carteiras podem brindar você com um maior retorno em um determinado período de tempo, mas podem também elevar seus riscos.

Digo isso para você não criar expectativas incorretas ou acreditar que o resultado que obteremos aqui é melhor ou pior quando comparada com outra carteira.

Como diz Howard Marks, nem sempre o mérito de um gestor está em conseguir alta rentabilidade, mas sim em conseguir um retorno se expondo menos ao risco.

O que ele quer dizer é que, resultados altos muitas vezes podem estar ligados a riscos excessivos, podendo levar o investidor a ruína. Basta um único erro para dar game over.

Isso inclusive justifica termos expectativas bem setadas. Tenha sensatez e pondere sempre.

Continuando, e sabendo o quanto temos disponível para alocar em renda variável, precisamos selecionar nossas companhias.

Sem entrar no mérito de grandes análises, para não alongar em demasia o artigo, estou optando por montar minha base inicial com:

ativonomeSetor
EQTL3EquatorialEnergia
PSSA3Porto SeguroSeguros
ITSA4ItaúsaHolding
Alocação Ações

E falando de maneira bastante sucinta.

EQTL3 – Equatorial

Setor de energia. Um setor que gosto bastante por sua perenidade.

Falando rapidamente da Equatorial, é uma companhia que vem demonstrando solidez em seus resultados há anos. Isso é importante, constância.

Nos últimos anos em especial, conseguiu ser ainda mais rentável, aumentando seus indicadores de rentabilidade e lucratividade.

No entanto, o mesmo não ocorreu com seu indicador de preço. Se seu ROE e Margem Líquida aumentaram, na contramão seu P/L e seu P/VP não cresceram na mesma proporção. O que nos dá um sinal de que a companhia está melhor e menos custosa.

PSSA3 – Porto Seguro

Setor de seguros. Um setor que, como já abordei nesse outro artigo tem muito espaço para crescer nacionalmente.

O que me chama atenção em companhias desse setor é o que chamamos de float. A empresa recebe antecipadamente o dinheiro por um serviço que nem sempre é prestado (nem sempre ocorre o sinistro). É mais dinheiro em caixa.

A Porto Seguro, líder no seguro de autos e atuante também em outras frentes de seguros vem ano a ano se mostrando mais eficiente em termos de rentabilidade e lucratividade.

E, assim como a EQTL, seus índices de preço não se valorizaram na mesma proporção. O que nos dá pistas que a empresa está menos custosa.

ITSA4 – Itaúsa

Recém fiz um artigo falando da Itaúsa e porque eu acredito na companhia.

A Itaúsa é uma Holding. E uma de suas maiores posições, o Itaú, foi um dos responsáveis pela queda nos números da Itaúsa.

Apesar disso, acredito que a companhia continua muito viva. Isso se mostra ainda mais verdadeiro quando vemos as últimas aquisições que a empresa vem realizando.

Não podemos esquecer dos Fundos Imobiliários

Ainda quero aproveitar uma parte desse primeiro aporte para incluirmos um ativo de fundos imobiliários. Como sabemos, fundos imobiliários são ótimas fontes de renda passiva.

A ideia aqui também é compor uma base mais sólida, e para isso vou me utilizar, primeiramente, de um fundo de fundos.

Por quê um fundo de fundos? Por sua diversificação. Com baixo capital é possível diversificarmos em inúmeros fundos imobiliários por meio de um único fundo.

Nesse momento quero simplesmente ter uma base sólida.

ativonomesetor
BCFF11BTG FOFFundo de Fundos
Alocação FIIs

Assim como em ações. Nada impede que em aportes futuros eu não possa estar diversificando em outros ativos.

Proteção Caixa

Para o caixa, vamos manter o montante no Tesouro Selic. O foco aqui não é rentabilidade, e sim segurança, simples assim.

Proteção Cambial

Para a proteção cambial, nesse momento, vamos manter os 10% exclusivamente em fundo cambial. Nosso objetivo é somente proteção para algum grande stress de mercado.

Percentual de alocação

Definidos os ativos aos quais estarei fazendo esse primeiro investimento, é preciso definir o % de alocação de todos eles. Penso no seguinte:

Alocação por classe:

ClasseAlocação
Proteção Caixa30%
Proteção Cambial10%
Renda Variável60%
Total100%
Alocação por Classe

Dentro de Renda Variável, teremos duas subclasses

SubclasseAlocação
Ações70%
Fundos imobiliários30%
Total100%
Alocação Renda Variável

Dentro de ações, teremos o seguinte

AtivoAlocação
EQTL333,33%
PSSA333,33%
ITSA433,33%
Total100%
Alocação Ações

E em fundos imobiliários, apenas um ativo

AtivoAlocação
BCFF11100%
Total100%
Alocação FIIs

Vamos as compras

Realizada essa primeira definição, vamos as compras.

Os detalhes de como se deram as compras dos ativos, você pode verificar no vídeo abaixo.

Conclusão

Como você pode ter notado, minha maior preocupação nesse momento foi de criarmos uma boa base na carteira.

Podemos incluir nessa carteira outros ativos mais especulativos, como criptomoedas por exemplo? Obviamente que sim.

Podemos incluir também ativos internacionais? Logicamente também.

A questão é que temos R$ 1 mil ao mês para irmos desenvolvendo a carteira. E certamente iremos incluir outros ativos. Galgaremos degrau a degrau.

Mas, ainda assim, mais do que compartilhar informação, quero trazer a essência da responsabilidade. Primeiro preparamos a base, entendemos como funciona, e aos poucos vamos refinando a carteira.

Responsabilidade é a palavra. Temos um longo caminho até os R$ 100 mil, e certamente ele seria muito mais longo caso trocássemos os pés pelas mãos.

Como o oráculo de Omaha, Warren Buffett, nos ensina, o segredo não está em termos retornos astronômicos, mas nos mantermos vivos pelo maior tempo possível no mercado financeiro. É isso que quero.

Espero ter agregado conhecimento.

Por fim, sou Paulo Boniatti, um forte abraço e tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

2 comentários em “Ep1 – Do SaldoZero aos R$ 100 mil – montando a carteira

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