Só não vê quem não quer. O risco para investir aumentou.

Este é o discurso que está em alta no momento: o investidor precisa ser cauteloso, pois o risco aumentou.

Só que as coisas não são tão bem assim. E é sobre isso que falaremos hoje.

Meu nome é Paulo Boniatti, e bem-vindo ao Sabbius.

O momento atual

Certamente, se você investe em ativos do mercado financeiro, deve ter percebido que o momento volátil que estamos vivendo na Bolsa de Valores, seja com ações e fundos imobiliários, assim como ativos de Renda Fixa prometendo retornos mais altos, quando comparados há poucos anos atrás.

Desta forma, muita gente pode acreditar que o momento seja de focar seus investimentos em Renda Fixa. Fica a ideia do: Por que aumentar o risco em Bolsa, se tenho oportunidades mais seguras na Renda Fixa?

Parece ser o óbvio, mas não é.

A Renda Fixa é imediatista e temporária

Grande parte dos investidores, em especial quem está começando, possui um perfil mais imediatista.

Em outras palavras, preferem sentir que estão “ganhando” dinheiro no hoje, mesmo que este “ganhar” seja menos do que poderia ser optando para outras opções menos previsíveis de um horizonte mais longo, como o mercado de bolsa.

É esta preferência que faz muita gente querer um CDB 15%, com vencimento de 10 anos, a preferir comprar ações de uma empresa com ROE de 30%, por exemplo.

No primeiro caso, o retorno é certo e temporário, 10 anos. Após este período o investidor cairá no mesmo problema de hoje: encontrar uma “boa” oportunidade.

No segundo caso, o retorno é incerto no curto e médio prazo, ainda mais com o mercado tão volátil como o nosso. Mas não há vencimento, e conforme muitos estudos, ativos de Bolsa podem superar, e muito, ativos de Renda Fixa no longo prazo.

Os grandes se antecipam e reagem a boas oportunidades

Grandes investidores não cansam de tentar nos ensinar. Apenas como exemplo, vejamos algumas frases soltas:

  1. “Fazemos nossas melhores compras quando há apreensão máxima sobre algum evento macro. O medo é o inimigo do modista, mas o amigo do fundamentalista.” (1994)
  2. “Investimos muito dinheiro durante o caos dos últimos dois anos. Tem sido um período ideal para os investidores: um clima de medo é seu melhor amigo. Aqueles que investem apenas quando os comentaristas estão otimistas acabam pagando um alto preço por uma garantia sem sentido.” (2009)
  3. “Durante esses períodos assustadores, você nunca deve se esquecer de duas coisas: primeiro, o medo generalizado é seu amigo como investidor, porque serve para compras de barganha. Em segundo lugar, o medo pessoal é seu inimigo. Os investidores que evitam custos altos e desnecessários e simplesmente esperam por um longo período com uma coleção de ações de grandes empresas, de forma conservadora, quase certamente se sairão bem.” (2016)

Você sabe de quem são estas frases? Warren Buffett.

O que ele, e grandes outros nomes, nos ensinam? Que é quando todo mundo não quer escutar o termo bolsa de valores, que ela está justamente mais barata.

Como dizem, o mercado se antecipa. Na verdade, os grandes se antecipam e reagem as boas oportunidades. O restante corre, junto à manada, e deixam para traz oportunidades que talvez não surjam mais.

O que resume uma boa empresa

Para você entender aonde quero chegar, preciso perguntar: o que resume uma boa empresa?

Particularmente falando — e é algo que ensino muito forte em meu curso e em meu livro —, é uma empresa lucrativa, rentável, pouco endividada, com boa governança, que já se provou estável em 10 anos e, obviamente, a um bom preço.

Dando um foco de atenção no quesito preço, e não esquecendo dos demais, buscamos empresas com bons indicadores P/L (Preço Lucro) e P/VP (Preço sobre o Valor Patrimonial). Ambos, quanto menor — desde que não sejam negativos —, melhor. Podem significar que a empresa está mais barata pelo viés Lucro e Patrimônio.

Não se trata de recomendação, mas como exemplo, o que você acha de Grendene sendo negociada a um P/L e P/VP de 22x e 3x respectivamente, em 2019, e 8,96x e 1,25x atualmente?

Ou então Odontoprev, que também teve um P/L mais alto em 2019, de 30,5x contra 10,64x de hoje.

Não quero ser redundante, mas a grande maioria das empresas na Bolsa continuam tão, ou até mais lucrativas do que anos anteriores, e a preços muito mais atrativos quando comparamos a 2019, época aonde era moda investir em Renda Variável.

O risco para investir aumentou?

Após este breve ensaio, eu lhe pergunto: será que o risco aumentou? Para mim, o risco era grande em 2019, aonde a maioria dos ativos de Bolsa estavam sobrevalorizados, com indicadores inchados e demonstrando a euforia que se exercia sobre ativos deste tipo.

Quanto mais cara, maior é o risco, e não o contrário.

Atualmente, e particularmente falando, os ativos de Bolsa carregam um risco muito menor e oferecem ótimas oportunidades para quem não busca o imediatismo de uma Renda Fixa, mas sim de gerar ótimos retornos para o longo prazo.

Portanto, acredito que o maior risco que um investidor pode correr, é o de perder esta grande janela que estamos vivendo. E como uma boa janela em dia ensolarado, ela está aberta temporariamente, pode ser que feche e não se abra mais.

Ademais, e para que não haja um entendimento parcial, nunca foque em apenas uma única classe de ativos. A diversificação macro é sempre recomendada para mitigar riscos, sejam eles quais forem. Estas e outras, são questões que ensino, seja no Youtube, assim como já comentado, em meu curso e em meu livro. Convido você a conhece-los.

Sucesso e prosperidade,

Paulo Boniatti

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

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