O zelador de 40 milhões de reais

Uma das histórias que mais me chamou atenção recentemente é a de Ronald James Read; e como o mercado financeiro é uma das áreas mais democráticas, onde qualquer pessoa tem  opção: de gerar muita riqueza, ou de perde-la em sua totalidade.

Tomando como base o livro A Psicologia Financeira de Morgan Housel, quero trazer o caso Ronald Read, e como um zelador se transformou em dono de um patrimônio milionário.

Quem é Ronald James Read

Segundo a Wikipédia: Ronald James Read era um frentista, zelador, e, surpreendentemente, investidor e filantropo dos Estados Unidos da América.

Ronald James Read – o Zelador Milionário

De família pobre, em sua infância, caminhava certa de 6,4 km até a escola, quando não conseguia carona. Ainda assim, foi o primeiro a concluir o ensino médio em sua família.

Se alistou no exército americano durante a segunda guerra mundial. Após esse período, trabalhou como frentista e mecânico de posto de gasolina por 25 anos.

Se aposentou durante 1 ano quando voltou a trabalhar, dessa vez como zelador por mais 17 anos, até 1997. Morreu em 2014, aos 92 anos.

Essa foi a vida de Ronald. Um cidadão como muitos outros, e que, passaria despercebido por sua vida simples e discreta.

De frentista a filantropo

Segundo estudos do livro citado, em 2014, um total de 2,8 milhões de americanos vieram a óbito. Desses, apenas 4 mil tinham um patrimônio líquido de mais de 8 milhões de dólares. E Ronald era um desses poucos multimilionários.

Se trazidos para os dias de hoje e convertido para nossa moeda local, seriam o equivalente a mais de 40 milhões de reais.

Calma, tem algo errado nessa história, certo? Frentista, zelador, fortuna avaliada em 40 milhões de reais?

O que pegou todos de surpresa é que ninguém tinha noção de tamanha riqueza. O fato só veio a público (tomando dimensões nacionais) quando, em sua morte, ele deixou por meio de seu testamento, 2 milhões de dólares (10 milhões de reais) para seus enteados, e o restante doou para um hospital e uma biblioteca.

O segredo de Ronald

Como Ronald, uma pessoa discreta, trabalhando em empregos bastante simples conseguiu acumular uma riqueza tamanha, digna de muito empresário bem sucedido?

No fim das contas, viu-se que sua riqueza foi conquistada de maneira bastante simples, assim como também era Ronald.

Diferente do que muitos acreditavam, a riqueza não foi conquistada por meio de bilhetes de loteria. Ele passou a vida guardando o pouco que ganhava como frentista e zelador, e comprando tudo que podia de ações de grandes companhias americanas.

Loucura? Espere até ver o próximo personagem desse artigo.

O caso Richard Fuscone

Para deixar tudo mais interessante, Morgan Housel, também cita em seu livro o exemplo de Richard Fuscone.

Richard Fuscone – o Executivo Falido

Richard veio a óbito também em 2014, poucos meses antes do nosso Zelador Filantropo.

Graduado em Harvard e Pós-Graduado pela Universidade de Chicago, Richard, ganhou notoriedade quando se tornou um dos principais executivos do poderoso banco de investimentos Merrill Lynch.

Enquanto esteve na “ativa”, foi tão bem sucedido que se aposentou aos 40 anos de idade por ter alcançado a tão famigerada liberdade financeira.

Além de todas as honrarias e reconhecimentos por sua capacidade ímpar, sua reputação ascendente foi motivo de inclusão na revista Crain, especializada em negócios, listando-o como um dos 40 empresários de maior sucesso com menos de 40 anos.

https://www.crainsnewyork.com/awards/richard-m-fuscone

De ícone à falência

O que ninguém esperava era que, em 2008 Richard declararia falência. Como poderia um homem tão preparado academicamente, especialista em investimentos, executivo de um grande banco e dono de uma riqueza grandiosa, perder tudo?

Por meio de decisões bastante equivocadas — para não mencionarmos outros adjetivos —  Richard fez diversos empréstimos com o objetivo de ampliar uma mansão de mais de 1,5 mil metros quadrados.

Sem entrar em detalhes de tamanha insanidade em que se transformou o imóvel, o resultado disso lhe foi um custo de manutenção mensal superior a 90 mil dólares (450 mil reais).

Toda essa dívida acabou explodindo em sua mão quando veio a crise do Subprime em 2008. Seus bens foram de pouco a pouco sendo executados até que em 2014 não restava mais nada.

Moral da história

Essas histórias são tão surpreendentes que, poderíamos facilmente fazer um paralelo com a fábula da Lebre e da Tartaruga. A paciência e o foco venceram a agilidade e a ganância.

Ronald usou a razão, foi paciente; Richard deixou a emoção falar mais alto, foi ganancioso.

Mas além de tudo isso, um outro fato que poderíamos tirar dessas histórias é que: você não encontrará em nenhuma outra profissão um ambiente tão democrático quanto ao do mercado financeiro.

Você obviamente não conseguirá operar melhor um paciente do que um médico estudado, formado e experiente. Tampouco faria o mesmo com um prédio se comparado a um grande engenheiro.

Não é meu objetivo dizer-lhe para ser mais Ronald e menos Richard. Mas, histórias como essas nos dizem que: no mercado financeiro, um simples zelador está em pé de igualdade a um grande executivo formado em Harward.

O que os diferencia então? Sua mentalidade e a relação com a riqueza.

Conclusão

Espero que esses exemplos possam o fazer refletir. Quando falamos de dinheiro e riqueza, diplomas, apesar de serem válidos, não garantem resultado. Tampouco, problemas de vida podem ser justificativas para você desistir de buscar alcançar seus objetivos.

No fim, só depende de você. Ou melhor, de como está sua mente.

Espero ter agregado conhecimento.

Por fim, sou Paulo Boniatti, um forte abraço e tchau!

Escritor, autor do livro Montando uma Carteira de Investimentos Inteligente. Paulo Boniatti é pós-graduado em Gestão em Mercado Financeiro pela FAE Business School. Especialista em investimentos e adepto da filosofia do antifrágil, tem como principal característica a maneira simples e descomplicada de explicar o mercado financeiro. Além de youtuber e criador do canal SaldoZero, é também gestor do Clube de Investimentos Opportuna CI.

1 comentário em “O zelador de 40 milhões de reais

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